sexta-feira, 27 de março de 2009

Primeiro ato - parte I

Me lembro bem que foi numa terça-feira. Sob as sombras de várias árvores plantadas por toda a extensão da 1ª Avenida, do trecho entre a praça Universitária e a avenida Anhanguera, eu caminhava pensativo. Como quase sempre estava usando uma calça jeans, camiseta sem marca e um par de tênis.

Pensava na tarefa que, a pouco mais de quinze minutos, começaria a cumprir. Por mais que eu estivesse preparado estava ansioso. Havia, pois, chegado o dia de começar a cumprir minha nova missão.

Cheguei, finalmente, em frente ao portão de onde morava. Sabia de tudo que aconteceria assim que o abrisse.

Era o portão de um pequeno sobrado, construído para fornecer quitinetes. Eu, no entanto, morava em um barracão de três cômodos nos fundos. Ao entrar vi Cida, a sindica, sair de sua pequena quitinete e vir caminhando apressada em minha direção. Era uma mulher baixinha. Gordinha. Quase sempre muito animada. Morava de favores em uma das quitinetes. Fazia o papel de sindica e zeladora do local. Era mais velha que eu, aparentando ter uns quarenta e cinco anos.

Que bom que você chegou, disse ela, as duas irmãs do 203 estão ali em casa e passando muito mal. Já não sei mais o que fazer e não tem mais ninguém aqui no prédio. Preciso levá-las a um hospital. Estão debilitadas. Vomitando desde as três horas da tarde e agora já são mais de sete. Ainda não melhoraram nadinha! O que faço? Eu sabia o que devia fazer. Já havia pensado várias vezes naquela cena e calculado várias vezes o que deveria fazer. Havia chegado o dia. Era hora de começar agir. Peguei logo o celular e liguei para um ponto de taxi. Pedi que não demorasse, pois tratava-se de emergência. Disse para Cida: vamos lá vê-las e prepará-las. Assim que o taxi chegar vamos para um hospital.

Cida entrou primeiro na quitinete e tratou logo de cobrir uma das irmãs. A de pele clara, que estava deitada de bruços sobre a cama. Ela vestia um short marrom e estava sem blusa. O que revelava pequenos detalhes da lateral dos pequenos e brancos seios. Tirei a blusa dela, disse Cida, para ver se ajudava a refrescar um pouco. Fiquei pensando se aquele branco todo, da pele dela, seria a cor natural ou palidez causada pela situação. Vi um balde que estava sendo usado toda vez que ela vomitava. Vi também a outra irmã. Tinha pele morena clara. Estava deitada num pequeno sofá. Parecia estar menos ruim que a outra, mas também precisava de cuidados médicos. Voltei a observar a moça de pele branca. Fiquei ali parado. Estagnado diante daquelas costas de pele tão clarinha. Já havia sonhado tantas vezes com aquela cena, mas naquele momento era real. Ela realmente estava ali deitada. Mesmo debilitada estava linda. Acho, disse Cida quebrando aquele meu momento de contemplação, que foi alguma coisa que elas comeram. Olhei para Cida e percebi sua preocupação para com as moças. Foi quando me lembrei do porquê estava ali. Foi para ajudar que fui colocado ali naquele momento e não poderia me dar aos caprichos da admiração. Pelo menos não naquele momento. Eu precisava agir. Vou ali em casa deixar minhas coisas, disse olhando para Cida, e vou para o portão esperar o taxi. Prepare as moças.

Quando o taxi chegou eu já estava no portão. Desci até a quitinete de Cida para ajudar a irmã mais debilitada chegar até o carro. Ela apoiou-se em meu ombro pois caminhava com dificuldades. Ao apoiá-la toquei, sem querer, um dos seios dela. Estava sem sutiã e usando uma fina camiseta branca que revelava as curvas daqueles pequenos, mas perfeitos seios. O toque foi tão rápido, menos de um segundo, mas foi suficiente para que eu percebesse a delicadeza e a rigidez. Reposicionei minha mão de forma que ficasse longe dos seios e a levei até o carro.

Cida ajudou a outra irmã e elas, as três, sentaram-se no banco de trás. Sentei-me no banco da frente. Vamos para o neurológico, disse ao motorista, mas antes passemos em um caixa eletrônico, preciso sacar dinheiro.

Neurológico? Indagou Cida. Por que não vamos a um hospital mais perto? A irmã morena respondeu: melhor mesmo irmos ao neurológico, pois minha irmã faz tratamento lá e toma medicamentos fortes. Eles conhecem o histórico dela e poderão medicá-la da forma correta. Eu já sabia disso e minha escolha não havia sido ao acaso. Sabia disso e sabia de mais coisas. Principalmente da encantadora moça de pele clara.

Ela chamava-se Regina. Fazia cursinho para tentar uma faculdade de medicina. Seus cabelos não eram pretos e nem loiros. Ficava entre o castanho e o dourado. Eram longos e cacheados. Sua pele era muito clara, que fazia ser inevitável o apelido de Branquinha. Costas largas, mas delicadas. Boca pequena. Lábios finos e convidativos. Gostava de usar saias curtas, bermudas, shorts e calças jeans. Calçava quase sempre sandálias rasteirinhas. Algumas vezes tamanco. Vestia blusinhas curtas, que exibiam sua linda e delgada barriga. Aquela barriga que eu ainda iria tocar e beijar tantas vezes.

Chegamos ao hospital. Fiquei uns trinta minutos na recepção sem saber o que estava acontecendo, até que Cida apareceu. Pode ir embora descansar, disse ela. Obrigada por tudo! Graças a Deus você apareceu! Perguntei a ela: tem certeza que eu posso ir embora Cida? Tenho sim! Pode ir. Insisti: não precisa de mais nada? Se quiser posso ficar aqui o tempo todo. Muito obrigada! Vá para casa e descanse, passarei a noite aqui com elas. Eu sabia que não poderia fazer mais nada por elas naquele dia. Abri minha carteira. Tirei duzentos reais e entreguei para Cida. Não precisa disso tudo, disse ela, deixe comigo apenas metade e não se preocupe com mais nada.

Despedi-me e voltei para casa. Tomei, como de costume, meu banho quente e demorado. Liguei meu computador. Fiquei trabalhando e navegando na Internet até por volta de meia noite, quando cansado, deitei-me e dormi o sono dos anjos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Minhas palavras...

O que fazer quando deseja-se algo que não pode ter?
O que fazer quando a razão quer esquecer
Mas a alma insiste em lembrar?
Qual pode mais, a razão ou a alma?
A alma, quando pura, pode mais.

Hoje me lembrei do trecho de uma música:
"Quem no certo procurou, mas no errado se perdeu...
Precisou saber recomeçar."
Na tentativa de acertar me perdi.
Na tentativa de me encontrar, lhe perdi.

Hoje eu pensei se um dia realmente tive você
Ou se tudo foi ilusão da minha mente.
Foi? Tudo foi ilusão?
Talvez eu erre mais uma vez, mas,
Já que não tive minha chance, vou dar chance a alguém.

Minha razão diz para eu dar essa chance.
Minha alma diz para eu lutar por você.
Sua boca diz para eu me afastar.
Minhas palavras...
Essas já não dizem mais nada.

Meus olhos, mesmo tentando disfarçar,
Não conseguem esconder:
Eu gosto mesmo de você.
Gosto muito...
Muito mais do que eu podia gostar.

Aprendi com você pequenas coisas
Que me fazem ser melhor do que antes
E agora, o que posso fazer, é torcer
Para que você seja cada dia melhor
E que seu futuro seja tão lindo...

Assim como lindo é o teu sorriso.
Assim como linda é sua alma.
Lindo como linda é você ao acordar.
Linda... Caramba...
Como você é linda.