terça-feira, 30 de setembro de 2008

De volta ao luto

Fechei meus olhos e esperei acostumar-me com o escuro. Rodopiei várias vezes até perder a noção de direção. Caminhei dentro do meu subconsciente por horas, ainda com os olhos fechados, até ter certeza de que já não poderia mais me lembrar do caminho percorrido.

Abri meus olhos.

Com a pá da angustia cavei sete palmos, como manda a tradição. Ainda não estava fundo o bastante. Resolvi cavar três vezes mais. Exausto de tanto esforço, decidi que já era suficiente.

Lá, naquela cova profunda joguei o amor que sentia por você.

Coloquei nos olhos dele uma venda, para que nunca mais possa ver nenhuma expressão de esperança vinda do teu rosto. Tampei-lhe os ouvidos para que nunca mais possa ouvir, sequer, uma palavra por você proferida. Com uma fita selei os lábios para que nunca possa clamar por outra chance. Obstruí as narinas para que não tenha chance alguma de respirar ou sentir teu perfume. Para que não possa estendê-las em suplica de um afago, carinho ou carícia, as mãos prendi com algemas. E para que nunca mais caminhe em sua direção prendi uma enorme esfera de chumbo nos tornozelos.

Por cima joguei terra e nela joguei sal, para que nada mais brote dali. Por fim cobri com cimento, para que ninguém cave e desenterre-o.

Fechei os olhos. Rodopiei novamente. Caminhei por horas e voltei para o meu consciente. Pude, então, dormir novamente.


Letra

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Por que você é feliz?"

Esses dias fui surpreendido por uma daquelas perguntas que nos espantam num primeiro momento, nos faz refletir em seguida e fica nos martelando por um bom tempo.

Estava conversando com uma pessoal muito legal, que pediu para, pelo menos por enquanto, não ser citada nesse blog. Estávamos numa mesa de barzinho olhando um para o outro e falando sobre várias coisas pelas quais passamos até chegar àquele momento. Sorrimos. Ficamos sérios. Lembramos de coisas boas e de coisas ruins... De repente, do nada, ela atira a pergunta: "Por que você é tão feliz?"

Fiquei chocado. Comecei a pensar em uma série de coisas. A pergunta foi tão sutil quanto aterrorizante. A única coisa que consegui dizer foi: Por quê?

― Porque você está saindo de um relacionamento que ainda lhe faz falta... Porque você tem dois tumores... Porque você não mora com suas filhas... Porque você não dirige... Porque você mora sozinho... Ah... Porque pelo menos eu vejo que você tem um monte de motivos para reclamar da vida, mas você não faz. Raramente está triste.

Pensei nisso tudo por algum tempo, olhando fixamente para ela e então respondi:

― Sou feliz porque sou uma pessoa inteligente. Trabalho no que gosto. Tenho várias amigas/os com as quais converso. Tenho uma super amiga com a qual converso sobre tudo. Tenho o meu cantinho no qual posso me isolar quando quero... Enfim... Sou feliz porque gosto de viver e acho que problemas fazem parte da vida. Uns são fáceis, outros complicados, mas viver é isso e gosto muito de viver.



Essa dispensa letra e tradução...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Momentos raros

Uma vez ouvi alguém dizendo que as coisas boas da vida são momentos raros. Na época eu concordei. Talvez eu estivesse naquela fase do "copo meio vazio". Não sei mais, não me lembro quando foi isso.

Hoje tenho uma opinião diferente. Acredito que existam coisas boas na vida que não são assim, fazendo esse viver ser uma mistura de coisas boas, ruins e de momentos raros.

Eles não são necessariamente momentos bons. Podem existir momentos raros ruins, mas prefiro comentar sobre os bons. Devo estar na fase do "copo meio cheio".

Vislumbrar um corpo nu, branquinho, lindo, puro, de um perfume inesquecível, sendo iluminado pela luz da lua que entra por uma janela de um quarto pequeno e aconchegante é um momento raro. Um singelo gesto de carinho com o polegar quando duas mãos, até então estranhas, estão próximas. Um beijo carinhoso no pescoço fazendo arrepiar todo aquele corpo branquinho e lindo. Ver você tremer e ouvir seus gemidos várias vezes seguidas nos meus braços.

E momentos raros como esse, quando admito em público que errei. Sim eu errei e confesso. Errei ao lhe mandar ir embora. Errei ao lhe deixar ir. Errei sim. Me perdoe por reconhecer isso somente agora.


Letra

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Só não entendo por que tanta mentira

Tenho uma colega. Morena. Muito bonita. Inteligente e... Assim como todas as pessoas: problemática. Mas ser humano problemático atualmente é até moda. Basta lembrarmos do tanto de especialidades para cuidar do mental, dos vários tratamentos e medicamentos.

Mas uma coisa que me intriga bastante é o quanto temos o costume de mentir ou, como uma outra pessoa muito especial na minha vida gostava de dizer, "ocultar" certas coisas. Algumas vezes fazemos isso para nos proteger. Outras para proteger a pessoa que amamos. Porém, o pior tipo é da mentira para enganar. Esse é lamentável.

Mas voltando à minha amiga morena: ultimamente ela tem se apresentado muito confusa. Sei que ela mente para uma pessoa. Sei que ela mente para mim. Sei que ela mente para si mesma. Ela sabe que acabou, mas não perde as esperanças ou talvez ela não saiba mesmo e continuará vivendo na ilusão por mais um bom tempo.

Mas, por que estou escrevendo isso tudo sobre essa colega? Porque é muito provável que eu esteja na mesma situação e não saiba ou não quero enxergar.

Não sei o que essa colega fará. Eu decidi abrir os olhos e mesmo amando, continuar o caminho da minha vida.

E por falar em mentira, me lembrei dessa música, que hoje sei, não tem nenhuma verdade nela.

Letra
Tradução

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Minha mente não te esquece.

Eu vi que o culpado sou eu.
Eu sei... O problema é meu.

Olhei para o passado e vi.
Foi lá que plantei e colhi.

Agora não tem jeito.
É suportar a dor no peito.

Quero esquecer tudo.
Afogar. Chorar o luto.

Sorria. Você merece.
Minh´alma padece.

Por que minha mente,
Não te esquece.


Letra