segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Era uma vez...

Em um reino não tão distante existe uma princesa. Ela tem um sorriso lindo. Uma bondade que não cabe em seu coração. Um dia, um vilão malvado enfeitiçou seu coração e fez muitas experiências com ele, causando muita dor na bela e jovem princesa.

Transformada pela dor, daquelas malvadas experiências, a princesa passou a fazer coisas terríveis e, na esperança de se livrar daquilo tudo, fugiu para a floresta da solidão e lá se escondeu.

Muito tempo depois um príncipe apareceu na floresta. Encantou-se pela princesa, por causa do sorriso, bondade e simplicidade daquela jovem moça. Mas ela ainda estava sob os terríveis efeitos da grande dor sofrida e quando o príncipe tentava se aproximar ela se escondia mais e mais na floresta da solidão, na ilusão de nunca mais sentir aquela dor e de nunca mais causar dor em ninguém.

O príncipe lutava e tentava salvar a bela princesa, mas acabou descobrindo que ele também estava sob a influência de dores causadas por fantasmas e bruxarias terríveis. Mas descobriu que o simples olhar da princesa tem o poder de curá-lo aos poucos. E descobriu que para salvar a princesa ele precisa se salvar, conquistar a confiança dela e deixar que o tempo faça seu trabalho. Ele sabe que se a princesa perceber que ele tem por ela um gostar superior ao que ela tem por ele, tudo poderá se perder e a bela princesa jamais sairá da floresta da solidão.

E essa história termina assim: o príncipe sabendo que não quer desistir de conquistar o amor da princesa, mas sabendo, também, que se ela perceber esse amor ela se esconderá mais ainda. E ela, a princesa, sabe que precisa do príncipe para aliviar a dor causada pelos espinhos encontrados na solidão, mas que não pode dar esperança ao príncipe, para que ele não sofra o que um dia ela sofreu.

Moral da história: tudo é mais fácil quando se está em um conto de fadas, mas viver a vida real não é seguir um script, onde no final toda dor desaparece. Viver é encontrar, na adversidade e diferenças, o equilíbrio. E que o caminho para a floresta feliz só é revelado quando os dois, juntos, olharem para a mesma direção com o mesmo sentimento, seja de amizade ou de amor.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Quer voar? Voe!!!

Não quero que me diga que vai doer quando você for embora. Eu sei que vai. Perder nunca é fácil, mas o tempo dará jeito em tudo. Só não me prive de ter bons momentos, pois, tendo ou não esses momentos bons, irá doer quando você for. Portanto, me dê momentos bons para que eu tenha pelo menos boas lembranças e boas histórias para me lembrar quando não estiver mais perto de mim.

Não quero que me diga que não gosta de mim da mesma forma que gosto de você. Não sei quanto você gosta de mim, nem mesmo sei o quanto gosto de você. E quer saber? Não estou preocupado com isso. Não estou preocupado com nada. Você quer voar? Voe!!! Voe!!! Voe alto!!! Pois estou voando e agora, daqui de cima, posso perceber quão pequenas eram as coisas para as quais eu dava valor.

Não quero que me diga que faz isso ou aquilo para que eu não me machuque. Apenas viva intensamente quando estiver ao meu lado. Se você me machucar poderei colocar a culpa no meu passado, mas não nas suas atitudes. Pare de pensar o que irá acontecer amanhã e me dê o que quero hoje e só hoje, que é a alegria da sua companhia e a intensidade do seu sorriso.

Não quero que me diga que está preocupada com o que as pessoas irão dizer ou o que elas irão pensar que devemos ou não fazer por estarmos ou não juntos. Quer pegar na minha mão? Pegue! Quer me abraçar? Abrace! Quer me beijar? Beije! Quer me amar? Ame! Sim... Amar... Já fiz muito sexo e sei que não foi sexo dessa vez. Não faça ou deixe de fazer pelas pessoas ou por mim. Faça por você.

O que eu quero é que você entenda que pessoas entram e saem da vida da gente. Umas nos machucam. Outras saem feridas. Umas deixam bons momentos. Outras uma mistura de coisas boas e ruins.

Entenda que o que você fez ontem ou fará amanhã não me preocupa, não me abala, não me deixa inseguro. Entenda que hoje estou aqui. Amanhã quem sabe?

Quero que saiba que se o que você quer é voar, o que posso dizer é: voe!!! Voe!!! Voe alto!!! Quero que saiba que quando precisar de um lugar para pousar você sabe onde me encontrar.

Quer voar? Voe!!!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

João entrou em seu apartamento. Enxugou lágrimas que ainda insistiam em correr por sua face que, poucas horas antes, estava triste. Porém, naquele momento, seu rosto era de um homem aliviado e o ar, que entrava por suas narinas, era suave e fortalecedor.

Pensou em tudo que acontecera naquela noite, em tudo que ouvira, sentira e aprendera.

Entrou para seu quarto. Deitou-se. Outras lágrimas, mais intensas, correram pelo seu rosto, mas dessa vez não enxugou-as. Encolheu-se como criança pequena e entendeu que, mesmo estando na cama onde muitas passaram, ele não tinha uma mão, sequer, para segurar.

A madrugada findou-se e com ela todo vazio que estava dentro de João. "O choro é o banho da alma", pensou ele ao acordar naquele domingo de sol.

Tomou um banho. Vestiu uma de suas várias camisetas pretas, uma calça jeans e calçou um velho sapato. Saiu rumo a uma feira a poucos metros de casa. Sua face estava transmitindo alegria pura. Todas as pessoas, por quem na rua cruzava, lhe sorriam e desejavam bom dia. "Fazia tempo que isso não acontecia", pensou enquanto comia empadas e tomava caldo de cana.

A semana começou e, durante um almoço, do nada, vira-se para seu colega de trabalho e diz:

― Não quero namorar não!

― Por que não?

― Não sei ao certo. Não quero namorar e vou parar com essa vida bagunçada que levo. Chega de pessoas que só me dão sexo. Não quero mais isso.

― Fico feliz por você. O que lhe fez tomar essa decisão?

João olhou para além de uma vidraça que estava a sua frente. Reparou no vento e nas nuvens negras que se aproximavam. "O tempo esta fechando", pensou ele. Voltou-se para seu colega e respondeu finalmente:

― Porque as pessoas, quando querem, mudam e quero mudar.

― Por alguém em especial? Esta gostando de alguém?

― Por mim. Quero mudar por mim. No entanto, quem me fez ver a necessidade de mudar, foi Maria. Ficamos por mais de hora conversando e chorando. Ela me disse várias coisas. Coisas profundas que me fizeram gostar mais ainda dela, mas, principalmente, voltar a gostar de mim.

― Então é isso? Vai deixar de sair com todas as mulheres que sai hoje, para ficar com Maria?

― Vale a pena deixar várias mulheres que me dão sexo e atenção por uma apenas?

― Mas elas lhe preenchem João?

― A maioria são vazias e ganham minha atenção só pelo sexo. Algumas me preenchem por algumas horas, outras me encantam pela beleza. Uma ou outra pela inteligência e determinação. Porém, a resposta para sua pergunta, infelizmente, é não.

― Mas então por que não fica com Maria?

João olha novamente através da vidraça, mas dessa vez não repara na natureza. Ele relembra tudo que Maria lhe disse. De todas as coisas que ela fez. Das vezes que mentiu, das que falou a verdade e lembrou-se de todas as vezes que ela disse que não queria apenas sexo, mas que também não queria nada sério. Olhou para seu colega e apenas gesticulou com os ombros em sinal de um evasivo "não sei".

Pensou em responder a verdade, mas não conseguiu, mesmo querendo dizer a verdade, não conseguiu.

Ele sabe que vários motivos o impedem de ficar com Maria. Alguns dele mesmo, outros tantos de Maria. Sabe que, também, é pelo medo que tem de fazer isso por uma pessoa e decepcionar-se. Sabe, porém, que esse medo pode ser superado e por isso acredita que a principal razão é por ele não entender os gestos dela. Pela primeira vez, em vários anos, João não sabe que atitude tomar quando está ao lado de uma mulher.

"Que ironia", pensou João que, a pouco tempo, brincava com as inseguranças de tantas mulheres, agora se sente inseguro e não sabe que atitude tomar.

João é inteligente e sabe que seu medo e insegurança são pelo fato de estar pensando muito em Maria e isso, ao mesmo tempo que lhe fascina, lhe aterroriza. Ele tem medo da dependência e isso ele não quer (será que não?). É por isso, provavelmente, que João, mesmo sabendo que o sentimento que sente por Maria cresce a cada dia, tenta, mesmo sem sucesso, acabar com ele.

Mas o que mais perturba João é que esse sentimento, por ela, está muito além do desejo de conquista ou sexo. E, mesmo tendo passado tantos dias sem sexo, está tranquilo e com a alto estima transbordando. Talvez, por ter sido com Maria, sua última e empolgante aventura na cama. Talvez por essa última vez, ao terminar, não deixou João com aquele fatídico sentimento de vazio, pelo contrário, ele está bem até hoje.

Onde João quer ou vai chegar abandonando sua vida de esbórnia ele não sabe. O que sabe é que não estava bom antes e que por isso, pela necessidade de mudança, despediu-se de todos os casos e foi em busca de uma coisa bem simples: o suave toque das mãos de Maria.

João não está entendendo nada do que está acontecendo, mas ele não quer entender, ele quer apenas ir vivendo, cada dia melhor que o anterior e, se não for possível, espera suportar os momentos em que terá de chorar, novamente, sozinho.

Agora ele sabe que, após chorar, sua alma estará lavada novamente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

João teve um dia cansativo. Teve que fazer quatro coisas complicadas ao mesmo tempo durante quase todo o dia. Teve que trabalhar diretamente em um projeto, reunir-se virtualmente com sua equipe, conversar com clientes e ainda chatear alguém.

No final do expediente conversou com seu sócio e disse:

― Hoje foi um daqueles dias em que o guerreiro, mesmo cansado e ferido, olha para trás e vê seus inimigos derrotados.

No começo da noite, ainda mais exausto, chegou em casa. Deveria ter ido direto tomar um banho, mas precisava sacar dinheiro para um colega que sairia logo mais. Logo em seguida saiu com sua filha para jantar e no caminho pensou:

― Deveria ter tomado um banho antes.

Mas João, de tão exausto, deitou-se em seu sofá, conectou-se à Internet na esperança de encontrar Maria e lá estava ela. Conectada. Abaixo do apelido a mesma frase fria de alguns dias atrás.

Mesmo querendo teclar com ela, João não conseguiu. Realmente estava exausto. Já estava pronto para desligar o micro quando uma janelinha aparece na tela do computador.

― Oi

Cinquenta minutos depois desse "Oi" de Maria ele se arrependeria de ter conectado seu computador à Internet.

Uma hora e trinta minutos depois desse "Oi", João, cochilando no sofá, receberia uma chamada no celular que não atenderia.

Duas horas depois daquele "Oi" ele estaria pensando em suas atitudes e se sentindo um idiota.

Tudo que João queria era um colo verdadeiro para se deitar, mas naquela pequena cidade em que ele se encontrava não tinha colos verdadeiros. João arrependeu-se de não ter atendido a ligação. Mandou uma mensagem dizendo: "Me desculpe. Sou um idiota".

Na verdade, o que João queria dizer é que fez tudo que fez por gostar muito de Maria, muito mais do que devia, mas que, por saber que ela está ou estava em outro caminho, ele faz tudo para afastá-la de perto dele e quanto mais ele faz isso, mais ele gosta dela e quanto mais ele gosta, mais tenta afastá-la e nessa idiotice de João, em seus autos e baixos, vontades e receios, seu cansaço lhe impede de dizer:

― Maria! Segure na minha mão e venha comigo. Eu sei o caminho.

Mas ele já não tem certeza de mais nada e enquanto brinca com umas, tenta esquecer o quanto Maria é importante para ele. E na esperança de esquecê-la, João faz coisas idiotas. Mas lá no fundo ele sabe que basta um oi para que seu coração acelere novamente por ela.

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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

João chegou em casa por volta das 15:00 horas. Como de costume acessou sua conta de e-mail e conversou com algumas pessoas pelo talk. Estava cansado. Na noite anterior ficou até tarde trabalhando.

― Vou tirar um cochilo. Disse ele para duas ou três pessoas com quem estava teclando.

João estava tão cansado que dormiu por duas horas seguidas, o que não acontece com facilidade. Acordou. Tomou um banho demorado. Se preparou para receber uma visita que talvez iria aparecer.

O interfone toca. Ele ouve uma voz feminina e, pensando ser sua visita, destrava o portão. Para sua surpresa aparece outra pessoa. Uma mistura de surpresa, satisfação e preocupação toma conta de seus pensamentos.

― Pensei que fosse outra pessoa. Diz João.

― Quem você pensou que era? Indaga Maria.

― Alguma das pessoas que costumam aparecer por aqui, mas jamais pensaria que era você.

― Você está esperando alguém?

― Não. Por que pergunta?

― Por nada. Me pareceu que estivesse esperando alguém.

Maria estava com a mesma roupa que estava usando da última vez que esteve na cama de João. Cheirava a cerveja. Estava com os olhos caídos. João se perguntou o que Maria fazia ali. Antes mesmo que indagasse ela disse:

― Já levou sua filha? Passei aqui porque pensei que ela ainda estivesse aqui.

― Não. Ela foi ficar com a avó hoje pela manhã.

João se sentou ao lado de Maria e não resistiu. Roubou-lhe um beijo. No terceiro beijo ela parou a ação dele e disse:

― Já não conversamos sobre isso? Você já não terminou com isso? Não disse que não queria mais? Você está bem? O que aconteceu? Por que está fazendo isso?

― Não sei. Respondeu João.

Conversaram mais um pouco. João tentou mais algumas vezes, mas ela continuava evitando. Então ele parou. Conversaram mais um pouco. Mais tentativas...

― O que você quer João?

― Só sexo, nada mais.

― Sem arrependimentos depois João?

― Sem arrependimentos depois Maria.

― Sem palavras que machucam, sem cobranças, sem nada?

― Nada. Só sexo. Nada mais.

Maria retribuiu alguns beijos. Algumas carícias e disse que tinha que ir embora. João já estava certo de que não passaria daquilo quando ela disse:

― Vou lhe dar o que você quer. É o que você quer mesmo?

João teve o que queria. Maria teve o que queria. Voltaram, então, a conversar sobre suas vidas bagunçadas e a falar do motivo pelo qual não ficam juntos para sempre.


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