sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

João teve um dia cansativo. Teve que fazer quatro coisas complicadas ao mesmo tempo durante quase todo o dia. Teve que trabalhar diretamente em um projeto, reunir-se virtualmente com sua equipe, conversar com clientes e ainda chatear alguém.

No final do expediente conversou com seu sócio e disse:

― Hoje foi um daqueles dias em que o guerreiro, mesmo cansado e ferido, olha para trás e vê seus inimigos derrotados.

No começo da noite, ainda mais exausto, chegou em casa. Deveria ter ido direto tomar um banho, mas precisava sacar dinheiro para um colega que sairia logo mais. Logo em seguida saiu com sua filha para jantar e no caminho pensou:

― Deveria ter tomado um banho antes.

Mas João, de tão exausto, deitou-se em seu sofá, conectou-se à Internet na esperança de encontrar Maria e lá estava ela. Conectada. Abaixo do apelido a mesma frase fria de alguns dias atrás.

Mesmo querendo teclar com ela, João não conseguiu. Realmente estava exausto. Já estava pronto para desligar o micro quando uma janelinha aparece na tela do computador.

― Oi

Cinquenta minutos depois desse "Oi" de Maria ele se arrependeria de ter conectado seu computador à Internet.

Uma hora e trinta minutos depois desse "Oi", João, cochilando no sofá, receberia uma chamada no celular que não atenderia.

Duas horas depois daquele "Oi" ele estaria pensando em suas atitudes e se sentindo um idiota.

Tudo que João queria era um colo verdadeiro para se deitar, mas naquela pequena cidade em que ele se encontrava não tinha colos verdadeiros. João arrependeu-se de não ter atendido a ligação. Mandou uma mensagem dizendo: "Me desculpe. Sou um idiota".

Na verdade, o que João queria dizer é que fez tudo que fez por gostar muito de Maria, muito mais do que devia, mas que, por saber que ela está ou estava em outro caminho, ele faz tudo para afastá-la de perto dele e quanto mais ele faz isso, mais ele gosta dela e quanto mais ele gosta, mais tenta afastá-la e nessa idiotice de João, em seus autos e baixos, vontades e receios, seu cansaço lhe impede de dizer:

― Maria! Segure na minha mão e venha comigo. Eu sei o caminho.

Mas ele já não tem certeza de mais nada e enquanto brinca com umas, tenta esquecer o quanto Maria é importante para ele. E na esperança de esquecê-la, João faz coisas idiotas. Mas lá no fundo ele sabe que basta um oi para que seu coração acelere novamente por ela.

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