sábado, 25 de abril de 2009

Calor. Suor... Cheguei sem pretensão nenhuma. Queria apenas achar meu cantinho e por lá ficar. Haviam muitas pessoas. Alguns rostos conhecidos surgiam e sumiam. Nenhum encantou-me como, costumeiramente, encantaria.

Abracei e beijei a bochecha de Donna, da qual saudades ainda tenho. Que vida corrida é essa sua linda?

Apesar de toda agitação consegui analisar algumas situações humanas. Vi olhares indiscretos para mim e para outras pessoas. Mulheres chateadas por terem de ficar esperando por seus maridos. Vi, também, o olhar triste da menina que terminou com o namorado. Que dizer a ela? Sei que isso passará, mas dependerá dela esforçar-se para isso. Auto-piedade não ajudará. É preciso entender que na vida, todos os dias, ganhamos e perdemos. É preciso encontrar o equilíbrio.

Notei a curiosidade de muitas pessoas. Algumas assustadas naquela bagunça e outras tão tranquilas como se tivessem nascido nela.

Percebi, mais uma vez, a falta de timming não permitir um momento de felicidade: uma mulher bonita e aparentemente legal deixada sozinha. Talvez o motivo fosse o evento, mas pareceu-me, mais lógico, que tratava-se de um daqueles casos de um homem querendo manter duas possibilidades. Primeira: a de não deixar claro, para a mulher que deseja, que está com uma outra mulher. Segunda: a de não deixar claro, para a mulher que o deseja, que ele está interessado na outra.

O que pensar dele? Que é um cachorro? Um espertalhão? Um Don Juan? Um carente? Um cara com medo da carência?... Talvez eu o observe apenas para entender meu passado recente.

O fato é que somos todos egoístas. Queremos nos satisfazer e nem sempre conseguimos fazer isso sem magoar alguém.

Lembrei-me de porque parei de fazer sexo com as mulheres que queriam. Não parei por considerar os sentimentos delas. Parei por não suportar o vazio que me consumia depois do ato e, olhando aquela mulher bonita largada, mendigando um pouco de atenção, imaginei o quão vazio não deve ser o sexo dos dois. Se não é agora, será num futuro próximo.

Ontem a noite, quando cheguei em casa, já tomando a segunda taça de vinho, não consegui responder, para uma mulher tão perdida quanto eu estava (ou ainda estou), a pergunta: "por que você deixou de fazer sexo com aquele tanto de mulher?". Não respondi pelo cansaço ou por considerar que aquele assunto não seria produtivo naquele momento. Fui deitar-me.

E respondendo a pergunta: "você está apaixonado?": não, não estou. O texto anterior, a esse, foi apenas a transcrição da minha vontade e não da minha realidade. E por que não estou apaixonado? As respostas podem ser várias, mas a que escolho é essa: descobri que mulher para sexo é tão fácil quanto escolher o sabor de uma pizza, mas mulher para se amar é tão rara quanto uma pedra preciosa. Deve ser assim, também, para as mulheres com relação aos homens.

Martinho da Vila escreveu: "...como um louco eu até sorri, mas no fundo só eu sei das angústias que senti. Sempre sonhamos com o mais eterno amor..."

domingo, 19 de abril de 2009

É bom ficar imaginando o que aconteceria se nós saíssemos juntos. É ruim também, sabia? Sim! Essa incerteza do que poderá acontecer é assustadora.

O que será que você pensa de mim?

Ah se você soubesse que o simples fato de sentir seu perfume deixa meu dia mais feliz... Feliz, também, fico quando imagino você ao meu lado.

Veja só que ironia! Logo agora que decido não me envolver com ninguém tão jovem você me aparece para surpreender-me e jogar, na minha face, que existem mulheres novas, porem maduras.

Será isso, em você, que encantou-me ou foram seus lindos olhos curiosos, de olhares discretos? Talvez tenha sido seu jeito de andar... Que importa?

Chega! Não quero mais pensar em você. É perder meu tempo. Não! Perder tempo não é. O que é então? Carência? Curiosidade? Já chega! Vou dormir... Não!

Não posso fechar os olhos sem que seu perfume venha-me as narinas. Preencha, encha meus pulmões. Percorra todo meu corpo. Suba ao cérebro. Dispare meu coração. Meu, mas pode ser nosso, se quiseres.

Melhor fechar meus olhos agora e sentir tudo isso de novo e, se der, arquitetar planos para continuar mantendo isso em segredo e fazer de conta, todas as vezes que lhe vejo, que não sinto nada por você... Mas a cada dia torna-se mais difícil. E isso me faz lembrar de uma música, interpretada por Chitãozinho e Chororó: Meu disfarce. Você conhece?

"Você vê esse meu jeito
De pessoa liberada
Mas não sabe que por dentro
Não é isso, eu não sou nada
Tenho ares de serpente
Mas em caso de amor
Sou pequeno, sou carente
Sou tão frágil, sonhador
Eu me pinto e me disfarço
Companheiro do perigo
Eu me solto em sua festa
Mas, sozinho, eu não consigo
Digo coisas que eu não faço
Faço coisas que eu não digo
Quero ser o seu amado
Não somente o seu amigo
Cada vez
Que eu sinto um beijo seu na minha face
Eu luto pra manter o meu disfarce
E não deixar tão claro que eu te quero
Cada vez
Se torna mais difícil o meu teatro
Não dá mais pra fugir do seu contato
Estou apaixonado por você"
E é assim que estou. Não percebes?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Em conversa, com várias pessoas, percebi que a maioria delas querem a mesma coisa: felicidade. Nada mais óbvio e lógico que isso. O que me surpreende é que, ao indagá-las sobre o que é felicidade, cada uma reage e responde de forma aparentemente diferente umas das outras.

Essas pessoas são de sexo, religião, nível cultural, social e político diferentes.

Percebi também que elas, apesar de responderem de forma diferente tem, em comum, a vontade de encontrarem o grande amor ou o amor verdadeiro. Ao perguntá-las, sobre o que é esse amor, as respostas são surpreendentemente diferentes mas, ao mesmo tempo, assustadoramente semelhantes.

É o caso, por exemplo, da menina certinha do interior, que vem morar na cidade grande. Ela trás consigo a ingenuidade que aprendeu com sua família, amigos e tranquilidades (para não dizer falta de oportunidades) da cidade onde morava. Ao chegar na cidade é exposta a uma variedade tentadora de possibilidades. Então responde que "ser feliz é morar na cidade grande". Algum tempo depois, porém, já machucada pela maldade ela responderá: "felicidade eu tive quando morava no interior".

Outro exemplo é o da mulher que está saindo da adolescência e começando a entender sua personalidade. Ela não quer ser mais criança e então diz: "ser feliz é ser madura e independente". Mas irá chorar, várias noites, sozinha em sua cama por não ter o colo carinhoso de sua mãe quando terminar um namoro ou quando a vida lhe fizer profundamente triste.

Refletindo sobre as respostas que obtive, de várias pessoas com as quais conversei nos últimos seis meses, percebi uma coisa: o amor acontece quando duas pessoas, que se completam, encontram-se no exato momento em que esse complemento é bastante evidente ou necessário. E isso acontece sem joguinhos, cobranças, medos ou frescura. Acontece sem que importe o credo, raça, idade, posição social, cultural ou política.

Quando essas pessoas encontram-se, mas não estão nesse timming, mesmo completando uma a outra, o amor não acontece, pois elas, na tentativa de conseguirem o tal amor, farão joguinhos. Irão cobrar coisas que são impossíveis. Irão fechar-se nos seus medos.

Isso fica evidente no 20º capítulo (se não me engano) da primeira temporada de House, em que ele friamente, numa mesa de restaurante, faz uma dura análise do interesse de Cameron por ele. Numa primeira análise podemos imaginar que House é um insensível, um monstro. Numa análise mais profunda, no entanto, é possível ver quão nobre é a alma desse personagem.

Analisando, minha vida e experiências pessoais, percebi o quanto amadureci na questão relacionamento amoroso. Falta, agora, apenas encontrar alguém no mesmo timming que eu. Até lá meus pensamentos, minhas amizades, bons livros e filmes são minhas melhores companhias.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Cortar o cabelo faz bem para os olhos

Sexta-feira, final de semana. Cansaço. Já era hora de dizer boa tarde quando recebi o convite de ir beber com uma pessoa que gosto muito. Logo convidei um amigo; e outro; e outro...

Bebemos (algumas refrigerante, outras cerveja). De repente me lembrei que era preciso ir cortar meu cabelo. Não podia ser outro dia. Ninguém merece ficar olhando para aquele cabelo terrível. E aquela barba? Caramba... Estava terrível.

Mas cortar cabelo onde? Numa sexta-feira por volta das vinte horas me parecia impossível. Um amigo também queria cortar (realmente estávamos precisando). Em frente de casa tem um salão unissex. Vamos lá? Indagou esse colega. Estava fechado. O salão estava fechado. O tempo estava fechado. Frio. Que preguiça! Quis tomar banho e dormir, mas não tinha como... Era preciso cortar aquele cabelo.

Encontramos, uma ou duas esquinas de casa, um outro salão unissex. Teríamos de esperar. Havia uma cliente na frente. Por mim tudo bem... Não ia fazer mais nada naquela sexta-feira mesmo!

Turma animada sabe como é... Conversa vem... Conversa vai... Violão? Você tem um violão aqui no salão? Temos dois tocadores talentosos, eu disse para a dona do salão. Uma música. Outra música. Mais uma? Sim! Por que não?

Tudo estava em paz. Foi quando ela entrou. Descompasso no violão. Esquecimento de letra. Afinação? Só no andado dela. Ritmo? Meu coração não tinha. Fazia tempo que não via alguém bonita daquele jeito: pele clara, seios perfeitamente proporcionais, bumbum lindo. "Era mais que um poema", cantaria Tom Jobim.

Eu e meus amigos ficamos sem jeito. Percebi pelo olhar deles. Olhar que só tinham uma direção: ela. Pena que aquele rostinho lindo falou pouco. Sorriu pouco. Cantou um pouco. Tudo foi tão pouco. Saí de lá com uma certeza: cortar o cabelo faz bem para os olhos.